A História das Fichas Marion

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A História das Moedas(Tokens) Marion

As peças de 100, 200, 500, 1.000, 2.000 e 5.000 Réis, denominadas Marion, existentes em dois metais (branco e amarelo) que circulam em determinada região por longo período. Vamos ao texto observadas as características da região, nomes familiares, etc.

Tudo se deve a Albino João Ko-Freitag, comerciante bastante perspicaz que, por muitos meses, sustentou o comércio no interior do município de Montenegro, criando até moedas próprias.

O fato ocorreu naquele município que fica no Rio Grande do Sul, nos seus distritos Maratá, Brochier, outros vizinhos e também em localidades próximas. Atingiu Santa Catarina no município de Rio do Peixe (hoje Piratuba), Curitibanos e também localidades próximas.

O Sr. Albino, brasileiro, nascido no distrito de Pinheiro Machado (hoje município de Brochier) tinha avós estrangeiros (oriundos da França e da Alemanha). Sua família na região tinha origem no distrito de São Pedro do Maratá (Mun. Montenegro) (sobrenome paterno Kobolt-Freitag – alemão e materno Schmitt – origem francesa). Era casado com a Dra. Ema Lengler Ko-Freitag, brasileira, nascida em Estrela, distrito de Corvo (hoje município de Teutônia), cujos pais vieram da Alemanha (sobrenome paterno Lengler e materno Schmidt). O casamento foi em 1928 e sempre residiram no distrito de Maratá (hoje município) então pertencente a Montenegro. Tiveram três filhos, Paula, Marion e Antônio Luiz. Este casal e sua filha Paula, falecida com menos de um ano, estão sepultados no cemitério da IECLB (Igreja Evangélica da Confissão Luterana no Brasil), na comunidade de Pinheiro Machado, município de Brochier.

Como surgiram as moedas de “Mil Réis Marion”:

Em setembro de 1941, o Sr. Albino mandou cunhar a indústria Eberle, em Caxias do Sul – RS, as moedas de mil réis, para homenagear os 5 anos de nascimento de sua filha, Marion Helene Ko-Freitag Roesler, nascida em 16 de setembro de 1936. As moedas na face denominada cara têm o valor da moeda em mil réis. Na face coroa o nome de sua filha “Marion”. Estas peças, além de ter a finalidade festiva da homenagem, também serviriam ao propósito prático de servir de troco durante a festa de KERP (tradicional evento alemão, com 3 dias de duração, que acontece na região, movimentando as comunidades católicas e evangélicas, congregando as famílias da localidade onde acontece e de todas as demais da região. Cada vila tem sua própria data de realizar a sua festa. A do distrito de Maratá, acontecia sempre no último final de semana com domingo de setembro. Aliás, esta tradição é mantida até hoje em várias comunidades de origem alemã (germânica).

Os participantes trocavam o seu dinheiro legal por estas moedas que eram o meio circulante da festa. Assim havia facilidade de troco, perfeito controle durante os três dias do evento e, ao final da festa, havia a troca pelo dinheiro legal circulante. Todas as partes saíam satisfeitas.

Com a troca do nome da moeda brasileira de Mil Réis para Cruzeiro após 1941, faltou dinheiro no comércio local, principalmente trocado. Com isto, estas peças passaram a circular no comércio de Maratá e até mais além. Na medida que iam surgindo os cruzeiros as mesmas eram substituídas. Esta ideia, bastante prática e que muito ajudou a comunidade, foi idealizada pelo Senhor Albino que, na época, era o representante local da Casa Bancária Pfeifer. Com isto na maioria do dinheiro circulante na região e localidades vizinhas, voltaram às suas mãos para depósitos na cidade casa bancária ou para pagamento de compras em estabelecimentos comerciais de sua família ou das demais, família Ko-Freitag, Lengler, entre outras. (Era o pequeno Banco Central da região).

– Esta medida garantiu a venda e compra de mercadorias por bom tempo e teve uma nova edição quando o Brasil, em 1942, entrou na Segunda Guerra Mundial, com nova falta de moedas brasileiras no comércio e na região. Nas regiões de colonização germânica “alemã” e italiana (o Brasil estava em guerra contra estes países) os imigrantes e descendentes dos europeus da região em guerra, eram alvos de perseguição e controle por parte da população e do governo brasileiro. Foi outro motivo da fácil circulação das moedas “Marion” neste período que ajudou em muito estas comunidades superarem as dificuldades daquele tenebroso período.

Com o término do conflito e a volta da circulação normal dos cruzeiros, todas as moedas “Mil Réis Marion” foram substituídas, ficando o maior acervo em poder da família Lengler Ko-Freitag. Algumas ainda em mãos de terceiros que não as trocaram por esquecimento e diversos outros motivos. É possível portanto encontrar algumas destas moedas espalhadas por municípios do Rio Grande do Sul e também no estado de Santa Catarina, onde a família Ko-Freitag manteve negócios na ocasião.

As moedas foram cunhadas em Alpaca e Bronze-Alumínio e tinham valores de 100, 200, 500, 1.000, 2.000 e 5.000 réis (cores branco e amarelo).

Estas peças podem ser consultadas no CEMIP.

Fonte: Marcos Roberto Pereira dos Santos – Edição nº 05 – ano 2000 – Revista Colecione.
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Yuri Victorino

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