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Os álbuns de figurinhas no Brasil e as Chapinhas de Ouro

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As figurinhas apareceram há mais de um século e tornaram-se uma febre no Brasil. Atualmente os pequeninos quadros de papel impressos e estampados perderam espaço para os sedutores vídeo games e outros encantos do mundo moderno. Mas o certo é que jamais deixaram de conquistar as crianças de todas as idade.

Fábrica de Figurinhas da copa

Desde sempre as figurinhas tiveram um caráter colecionável. Ainda hoje são usadas para promover produtos. Durante décadas encantaram gerações e gerações de ávidos fãs dos muitos temas lançados. Ainda que tenham perdido relativo espaço na preferência para outras formas de diversão, dentre as quais se destacam os computadores, os games e a internet, as figurinhas estão aí no mercado. Elas ainda são detentoras de uma respeitável fatia dos negócios gráficos. A Kromo Editora de São Paulo, produz cerca de 20 milhões de envelopes por ano. Também neste volume produz a Gráfica Rosset. Só que apenas em sua produção para a Editora Abril. Imagine a quantidade de material existente.

Ao longo da história as figurinhas passaram por várias mudanças. A principal talvez vem a ser a inovação tecnológica que transformou radicalmente os processos de impressão. José Valdir de Lourenzi, da Gráfica Hervás, que produz figurinhas para a Editora Globo, cita como principais mudanças a evolução da pré-impressão, que garante o tratamento superior às pequenas imagens; as melhores matrizes de impressão; os equipamentos modernos e a maior variedade de matérias-primas. Segundo Lourenzi o substrato, porém, foi a transformação mais marcante na produção das figurinhas.

Se antes as crianças saíam da brincadeira de adicionar as novas figuras ao álbum como os dedos lambuzados de cola, o papel auto-adesivo surgido em 1979 mudou esse quadro totalmente. Antes as figurinhas eram impressas em papel offset convencional (cartão), atualmente são produzidas em papel auto-adesivo, couché brilho laminado, com cola atóxica, o que dá a possibilidade de colar, descolar e reposicionar a figurinha, não apenas nos álbuns mas em cadernos, agendas e para terror das mães nos móveis, paredes e portas de casa. Como no tempo das Chapinhas de Ouro.

Havia nos anos 70 as colecionáveis Chapinhas de Ouro. Estas eram feitas de finas chapas de zinco, cobertas com impressão a tinta. Tinha chapinha de tudo. Do futebol ao horóscopo. Além das chapinhas haviam os chapões. Estas largamente disputadas pelos colecionadores. Nos pacotes vinham 5 unidades. Quem dava sorte achava o Vale Chapão. Mas isso eu conto logo mais.

 No Brasil a história das figurinhas começou em 1907/08 com o lançamento da coleção de 60 bandeirinhas da tabacaria Estrela de Nazareth.

Quase vinte anos depois é que começaram a aparecer as famosas estampas dos sabonetes Eucalol (1925/26), que foram editadas até cerca de 1965. 

Mas as figurinhas só foram cair no gosto popular depois do lançamento do álbum de estampas dos sabonetes da Eucalol em 1925. Foi uma estratégia de marketing da empresa para se fixar no mercado. Quem comprava uma caixa com três sabonetes levava de brinde três figurinhas. Nos anos seguintes, vieram os famosos álbuns de balas (Balas Futebol, Balas Cinédia, Balas Fruna, Balas Ruth), que fizeram sucesso com o público infantil e, a exemplo do que aconteceu com a Eucalol, alavancaram a indústria de doces.

Vídeo Eucalol

O primeiro álbum oficial brasileiro de figurinhas de futebol foi o da Copa de 1950. O produto era patrocinado pelas Balas Futebol que eram mais conhecidas pelos álbuns de figurinhas do que exatamente pelo sabor açucarado dos confeitos. Um fato interessante é que o álbum foi lançado meses depois do fim da Copa de 50 quando a Seleção Brasileira protagonizou a maior derrota de sua história, perdendo o título em casa para o Uruguai. Isso não impediu que o álbum virasse febre entre a criançada, alavancando as vendas da indústria de doces Americana, fabricante das balas. O campeão Uruguai estampava a segunda página, depois da seleção canarinho.

Em 1961, veio a prova da consolidação do nicho das figurinhas no mercado de entretenimento infanto-juvenil por meio da fundação da editora italiana Panini. Os irmãos Panini eram (1945) donos de uma banca de jornal em Modena na Itália. Em 1954 fundaram uma companhia de distribuição de jornais que mais tarde daria lugar à fábrica de álbuns de figurinhas. O grupo é desde então líder mundial no setor.

Vídeo da fábrica da Panini

Conto esta história toda das figurinhas para chegar até as famosas Chapinhas de Ouro. Recentemente o Cemip ganhou do jornalista Milton Simas Jr. um álbum. O Centro havia comprado uma edição há alguns anos mas não estava completa. Faltavam uma dezena de chapinhas. Para a felicidade dos colecionadores esta edição doada está completa e muito bem preservada. O que diferencia estas figuras é a impressão sobre discos redondos feitos de lata. As chapinhas são muito mais pesadas do que as figurinhas de papel e é comum que álbuns completos tenham pelo menos algumas páginas soltas. Coisa que o exemplar do Simas não tem. Mas de onde vieram as figuras metálicas?

Chapinhas de Ouro

 

A Editora Dimensão Cultural inovou na década de 70 do século XX ao lançar um álbum de figurinhas metálicas. As Chapinhas de Ouro foram um sucesso. A garotada não se contentou em usar as pequenas chapas impressas apenas para completar o álbum. As crianças costumavam colá-las nas bicicletas, pastas, cadernos, roupas, etc.

Cabe lembrar que todas as imagens aqui postadas estão ligadas aos vídeos correspondentes ao assunto figurinhas. Se você não os viu, aproveite e assista. São muito interessantes. Para tanto basta clicar nas imagens.

No Cemip possuímos uma pequena coleção de álbuns de figurinhas que estão em processo de restauro, descrição e catalogação. Em breve estarão disponíveis de forma virtual para que todos possam acessar as informações.

FONTES:  

Marcelo Duarte – Blog Guia dos Curiosos

https://colecionar.wixsite.com/figurinhaec/historia-das-figurinhas-no-brasil

http://projetores-yuri.blogspot.com/

É o Cemip cumprindo com o seu papel de preservar e divulgar a Memória e a Informação.

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Yuri Victorino

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